Quando o Papa Francisco escreveu a Laudato Si (Louvado Sejas) em 2015, ele criou um novo marco para a Igreja, que agora está sendo estudado como a terceira geração da Doutrina Social da Igreja (DSI).
A primeira geração da DSI teve início com a Carta Encíclica Rerum Novarun de Leão XIII, em 1891, que definia a SUPREMACIA DO TRABALHO SOBRE O CAPITAL e iluminou a caminhada da Igreja no fim do século XIX e nos primeiros sessenta anos do século XX. Os movimentos da Ação Católica e o envolvimento dos trabalhadores católicos nos sindicatos, partidos políticos e grupos cooperativados se dão por essa orientação. O amadurecimento das Ações Católicas com uma reflexão mais crítica vai gerar as juventudes dos anos 50 e 60 (JAC, JEC, JIC, JOC e JUC) e a ACO no Brasil após a segunda guerra mundial. Obras como o Círculo Operário em Joinville é fruto prático da Quadragésimo Anno do Papa Pio XI, escrito em 1931, uma atualização da Rerum Novarum, após quarenta anos de caminhada da Igreja.
A segunda Geração da DSI teve início em 1963 com a Carta Encíclica Pacem In Terris do Papa João XXIII, que definia o DIREITO DOS POVOS A PAZ E A JUSTIÇA. O mundo estava passando pelo período da “guerra fria”, a disputa entre as duas grandes potências pós-guerra e a corrida armamentista, deixava os povos em inseguranças e muitos refugiados, além da exploração dos países e povos periféricos. Em 1967 o Papa Paulo VI dá continuidade a Pacem In Terris e lança a Carta Encíclica Populorum Progressio onde afirma que o progresso deve estar a serviço das pessoas, para proteger e garantir a igualdade de direitos das pessoas sobre as coisas. Essa faz surgir associações de promoção social em várias dioceses do Brasil, na Diocese de Joinville surge a ADIPROS, o nome era outro, mas o objetivo permanece o mesmo.
A terceira Geração da DSI tem início com Papa Francisco com a Encíclica Laudato Si que amplia o horizonte da Doutrina Social da Igreja. Mostra que toda a criação está interligada e a sobrevivência humana no planeta depende do nosso cuidado com ele. Em 2020 o Papa Francisco lança uma outra carta encíclica a Fratelli Tutti. É muito importante estudarmos e usarmos junto as essas duas encíclicas pois de uma certa forma elas se complementam. Na primeira o Papa trata da nossa relação para com toda a criação, e, na segunda trata da nossa relação para com o outro.
Devemos nos debruçar sobre essas duas encíclicas, Laudato Si e Fratelli Tutti, abrindo espaços para estudos e novas práticas em nossas pastorais, movimentos, catequese e escolas de formações, pois são dois documentos que acompanharão a caminhada da Igreja e será base de muitos documentos e de uma nova prática interna (na Igreja) e externa (na sociedade).
Daremos continuidade nas reflexões sobre a DSI, focando nessas duas encíclicas do Papa Francisco, Laudato Si e Fratelli Tutti, trazendo para nossa realidade e destacando a interligação entre elas. O Caderno Encantar a Política é um bom exemplo de material sustentado por esses dois documentos. Quem ainda não leu, vale a pena ler.
Até a próxima reflexão.
Valsoni Celestino (Lico)
Pastoral Operária / CNLB-SC / CEFEP